Descrição
e Motivos de Interesse
Trilha veredas antigas que serpenteiam as encostas sobranceiras
ao rio Tejo, são trilhos ancestrais, construídos
ao longo dos tempos por gerações de pastores
e camponeses, gente simples respeitadora dos valores da natureza.
São caminhos abertos com habilidade pelas mãos
calejadas de um povo que sempre viveu daquilo que a terra
dava, as oliveiras plantadas em socalcos nas íngremes
encostas do Tejo, eram mais que simples árvores, eram
parentes que se estimavam. É um percurso circular,
que se desenvolve nas duas margens desse grande rio que é
o Tejo, em terras das freguesias de Gavião e de Belver,
terras ricas de história e património. O percurso
tem o seu início junto à Igreja da Nossa Senhora
da Visitação, padroeira das gentes devota da
Vila Medieval de Belver. Após percorrer a estreita
Travessa 5 de Outubro e de descer a Rua da Fontinha, o pedestrianista
chega à Ribeira de Belver e lá ao fundo, numa
das curvas da ribeira, encontra o Lagar da Fraga , lagar de
pesadas mós de pedra antiga, gastas pelo girar de muitos
anos,” tocadas” pelas águas límpidas
da ribeira que saltam do açude em turbilhão
e correm velozes na levada de lajes de xisto. Ao cimo da levada
atravessa-se a ribeira , subindo a encosta, por caminho de
lajeado gasto de tanto uso, ladeado por muros de pedra seca.
A vista, descansa sobre o casario da Vila que se abriga sob
as muralhas do imponente Castelo Medieval de Belver, são
séculos de história a passar sob os nosso olhar,
histórias de cavaleiros e de princesas, de fidalgos
e de plebeus, de amores e de poetas, de juras e de traições,
do sagrado e do profano. Depois da estrada das Torres, seguimos
á direita por caminho de terra batida, vislumbramos
o rio lá em baixo e, é por entre olivais e vinhas
velhas que chegamos à aldeia da Torre Fundeira. Terra
de gentes do rio, antigos pescadores do sável e da
lampreia, gentes para quem o rio nunca teve segredos, gentes
que faziam do barco a sua casa. Falam com paixão e
com saudade, de um tempo já passado, das correntes,
dos fundões, dos melhores pesqueiros, das artes da
pesca e dos segredos do rio. Após o percurso no centro
da aldeia, é o tempo antigo que se volta a cruzar no
nosso caminho, a Anta do Penedo Gordo , monumento funerário,
classificado como de interesse concelhio, é testemunha
presente de que o povoamento humano nesta região já
vem de um tempo sem idade. Prosseguimos para sul e, é
do cimo do Cabeço do Pintalgaio local de vistas privilegiadas,
que espreitamos terras de três regiões; Alentejo,
Ribatejo e Beira Baixa, é aqui que começam e
acabam três Concelhos; Gavião, Abrantes e Mação
e é aqui que se entrelaçam três distritos;
Portalegre, Santarém e Castelo Branco.Descemos o morro
em direcção à beira-rio, junto à
foz da Ribeira d' Eiras , bandos de passarada do rio esvoaçam
por entre os canaviais da albufeira em ruidoso chilreio, elevam-se
em revoadas pelos céus e desaparecem no horizonte.
Passada a ponte da Ribeira, entramos no Município vizinho
de Mação, ladeamos a praia fluvial da Ortiga
, em direcção ao velho apeadeiro da Barragem
de Belver , atravessamos a linha férrea da Beira Baixa,
na passagem de nível sem guarda, atenção
aos comboios - pare, escute e olhe. Pelo
tabuleiro da Barragem de Belver , barragem de fio de água,
uma das primeiras a ser construída em Portugal, chegamos
á margem sul do Rio Tejo, terras da freguesia de Gavião,
terras de Além -Tejo. Logo à saída da
barragem tomamos caminho à esquerda em direcção
às antigas Termas da Fadagosa e daí seguimos
por um carreiro até à Praia Fluvial do Alamal
. O pedestrianista segue por um carreiro que serpenteia a
encosta sobranceira ao rio, junto às águas mansas
da albufeira. Por entre medronheiros carregados de frutos
vermelhos, enleados de madressilvas, as avencas, a pervinca,
os musgos cobertos de gotas cristalinas, brotam dos muros
de pedra seca. Junto á água, os melros e os
rouxinóis espalham melodias pelo arvoredo frondoso
de freixos, amieiros e de salgueiros, tufos de fetos reais,
amontoam-se nas margens do rio que parece adormecido, sem
pressas de chegar ao mar. E na curva do caminho, eis-nos chegados
à Praia Fluvial do Alamal, praia de Bandeira Azul.
No
extenso areal da praia, o pedestrianista é convidado
a descansar e a estender o corpo ao sol, fechar os olhos e,
perceber o significado da tranquilidade, do bem-estar, da
paz de espírito. Ainda há lugares assim, bem
hajam todos aqueles que souberam ao longo dos tempos cuidar
desde jardim. Mas o percurso continua e é já
no passadiço do Alamal , que contemplamos no morro
em frente o Castelo Medieval da Vila de Belver e imaginamos
a vida de outros tempos, este troço do passadiço
de madeira, permite uma marcha cómoda e de relaxamento,
que se percorre sem pressas, até se chegar à
centenária ponte de Belver , ponte de ferro e de grossos
pilares fundados nos penedos que brotam das profundezas do
rio.Pela ponte, deixamos terras do Além - Tejo, passamos
para a outra margem e entramos novamente nas terras de Guindintesta,
terras fundadas pelos cavaleiros da Ordem do Hospital, terras
da freguesia de Belver . À saída da ponte, junto
ao edifício dos teares das mantas de Belver, vencemos
uma escadaria, continuando a subir a encosta através
de carreiro, chegamos ao Caminho da Fonte Velha . Ao longo
do Caminho da Fonte Velha, recentemente intervencionado, o
pedestrianista pode admirar uma exposição de
figuras esculpidas nos muros do caminho. É uma prova
evidente de que a harmonia entre o antigo e o moderno não
é uma miragem. No respeito pelo espaço existente
reside o segredo desta intervenção. Continuando,
chegamos ao ponto de partida deste percurso, ao Largo Luís
de Camões, ao Largo da Igreja de Belver. Chegados
aqui, é tempo de retemperar forças, a gastronomia
local é uma bênção para o corpo
e uma alegria para a alma; o ensopado de enguias, o arroz
de lampreia, o sável e o achigã frito, as couves
com feijão, a lebre com couve, o bacalhau assado com
o feijão-frade de Margem, são tesouros que só
aqui podemos encontrar. Ainda há lugares assim e aqui
tão perto, volte e traga um amigo.
Avaliação
SAL
A SAL considera este passeio como MUITO
BOM.
Certificações
Este
percurso está certificado pela Federação
de Campismo e Montanhismo de Portugal.
Outras Informações
Não há mais informações
disponíveis sobre este percurso pedestre.